*Por Felipe Gomes
O fato de a pandemia ter mudado as práticas de consumo de todo o mercado não é novidade. O cenário caminha para o final da pandemia, ou ao menos um ambiente mais controlado, visto que a vacinação está avançada, e as medidas restritivas passam por um momento de flexibilização. Como legado, a covid-19 deixa uma mudança cultural no comportamento dos consumidores.
No primeiro semestre deste ano, o crescimento do e-commerce no Brasil se superou, chegando à cifra dos R$ 53 bilhões, de acordo com a Ebit|Nielsen. As compras online são uma via de mão dupla. Ao passo que é necessário criar a cultura das compras virtuais numa diversidade maior de público e tipo de produto, as empresas também precisam se adaptar e colocar em prática plataformas funcionais e ágeis para atender à alta demanda. Aliás, um dos fatores da usabilidade é a ampliação do público consumidor – assim, nos últimos quase dois anos, quem antes não tinha esse hábito passou a ter.
Os ‘nativos digitais’ já viviam nesse contexto, mas pessoas de outras faixas etárias, que estavam acostumadas com o ponto de venda físico, o pagamento em dinheiro, tiveram que se adaptar. A oferta na gama de entrega também cresceu. No lado das empresas, algumas categorias, como farmácia e petshop, já tinham sua parcela de adeptos, mas o segmento de calçados e roupas não era tão difundido, assim como o setor de compras de supermercado.
Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), os segmentos de alimentação por delivery e compras de supermercado pela internet foram as categorias com maior crescimento no número de consumidores em relação a 2019 e 2020. O food service passou de 30% para 55%, ao passo que as vendas de supermercado foram de 9% para 30%.
Vi alguns dados indicando que o percentual de consumidores com mais de 45 anos aumentou 27% de 2019 para cá – o que é esperado, já que o comércio ficou fechado ou com horário reduzido por muito tempo, e é sabido que pessoas idosas têm mais risco perante o coronavírus. É o crescimento de um terço desse público com mais de 45 anos, que geralmente tem menos intimidade com as compras virtuais.
Quando se fala em público mais velho, e com menos prática no e-commerce, uma categoria que se tornava um desafio era a de supermercados. Pense: tem outra pessoa escolhendo as frutas que você vai comer, avaliar se estão maduras ou não – nessa mudança de paradigma pode acontecer o choque de gerações. No entanto, essa fatia de mercado cresceu e deve se manter em crescimento no futuro.
Mesmo em um cenário de fim da pandemia, as entregas vão se manter aquecidas. As pessoas, seja qual for a faixa etária delas, se acostumaram a ter todo tipo de produto e serviço entregue em pouco tempo. A praticidade e a comodidade são alguns pequenos grandes luxos que irão permanecer. O foco estará voltado para a qualidade de vida, as pessoas vão querer aproveitar melhor o tempo e vão se preocupar menos se a dispensa em casa está cheia ou se falta algum produto, porque, se faltar, os produtos poderão ser entregues em minutos.
*Felipe Gomes é Global Experience Head & Partner da Corebiz.
Fonte: Varejo S.A.
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