A equipe da Varejo S.A. entrevistou o clínico geral Roberto Debski, na linha de frente desde o início da pandemia, e tirou dúvidas sobre os protocolos de prevenção ao coronavírus e sobre mitos disseminados pelo WhatsApp em relação à doença

Na Quinta-feira (20), o Brasil registrou recorde na média móvel de casos de covid-19: o aumento foi de 373% em duas semanas. A média diária ficou em 110.442 novos casos, a maior de toda a pandemia. Em 24 horas, foram 168.060 novas infecções e 324 mortes documentadas, sendo que 168 registradas no estado de São Paulo. A média de mortes teve uma alta de 114%, com uma média móvel de 235 óbitos por dia. É a maior média móvel de mortes desde 17 de novembro do ano passado.

Na quarta-feira (19), pelo segundo dia consecutivo, o país registrou recordes de casos de covid-19. Foram 205.310 infecções registradas, maior valor observado em único dia. Os dados são do consórcio de veículos de impresa, composto por Folha, Estadão, O Globo, G1, UOL e Extra.

Apesar da alta no número da casos de covid-19, a maioria em função da ômicron, o país ainda deve passar pelo pico de infecções relacionadas à variante da doença, segundo especialistas. “Com esta nova cepa, a ômicron – que tem tido o maior número de casos no Brasil e no mundo, pois é altamente transmissível –, o contágio tem sido muito grande e as pessoas têm adoecido muito. Felizmente, os casos entre os vacinados são mais leves. Tem acometido mais as vias respiratórias altas. Antigamente, era mais comum o pulmão, com maiores complicações e mais internações”.

Entre os sintomas mais comuns em razão de infecções nas vias respiratórias altas pela ômicron, “as pessoas vão ter dor de garganta; coriza; tose seca; espirros; febre, às vezes; dor de cabeça; e dor no corpo. São sintomas gripais, sintomas virais de doenças respiratórias, porém sintomas mais leves. Não tem acometido o pulmão e (causado) pneumonia e inflamações, como nas primeiras cepas – por exemplo, a delta –, quando víamos com bastante frequência as agravações”, explica o Dr. Roberto Debski, que tem especialidade em Homeopatia e Acupuntura e também é psicólogo.

Para o médico, os casos mais leves se devem à vacinação. Segundo o Ministério da Saúde, quase 70% da população brasileira já recebeu pelo menos duas doses de uma das vacinas contra a covid-19. “Depois da vacinação, observamos que os casos têm sido mais leves, menos graves, o que é muito bom. Tivemos casos muito graves no ano passado, com ápice lá para março/abril/maio. Se hoje houvesse o número de contaminados com aquela gravidade de antes, estaríamos em uma situação caótica em todos os serviços de saúde”, afirma o clínico geral Roberto Debski, que trabalha desde o início da pandemia na linha de frente, atendendo as vítimas da covid-19.

O médico reforça os cuidados de prevenção ao coronavírus, apesar do avanço da vacinação e dos casos mais leves. “Esta nova variante vem junto com um surto de Influenza, a H3N2. Então, estes cuidados preventivos continuam sendo ainda mais importantes na atualidade. E os protocolos de prevenção à covid-19 se mantêm os mesmos: distanciamento social; uso de máscara – que é fundamental e continua sendo muito importante –; higienização das mãos – lavar com água e sabão e usar o álcool em gel –; e tomar cuidado com o compartilhamento de objetos. Todos estes cuidados que estamos mantendo durante estes dois anos continuam sendo muito importantes, ainda mais agora com esta nova cepa”, destaca.

“A pessoa contaminada deve ficar isolada, se hidratar bem, tomar sintomáticos e, se estiver com sintomas que forem aumentando ou mais graves, deve procurar um serviço médico para ser avaliada, examinada e diagnosticada”, complementa Roberto Debski.

Máscaras

Os estudos têm demonstrado que as máscaras cirúrgicas que têm tripla camada e, principalmente, uma boa vedação, oferecem uma proteção razoável. As máscaras que mais oferecem proteção são a N95 e a PFF2, e portanto, as mais indicadas para serem utilizadas em locais com grande circulação de pessoas. “É que as pessoas usem as máscaras adequadamente. No meu dia a dia, atendendo os pacientes, observo as pessoas vindo com máscara abaixo do nariz ou com grande vão”, acrescenta o especialista.

Na experiência do médico, as máscaras de tecido não proporcionam uma boa vedação e a própria proteção delas não é suficiente. Em geral, não se encaixam adequadamente no rosto do usuário e ficam caindo, o que deixa a pessoa mais desprotegida ainda. “A proteção nestes casos é praticamente inexistente”, diz Debski.

As máscaras cirúrgicas, a N95 e a PFF2 têm um molde metálico que permite moldar a máscara no nariz e no rosto, diminuindo este vão e aumentando a vedação. “isso é importante na prevenção ao contato com estas partículas virais que ficam no ar”, alerta Dr. Debski.

Prevenção nas lojas

O Dr. Roberto Debski listou algumas recomendações que permanecem vigentes para o comércio:

1 – Manter o ambiente sempre muito ventilado
“Em ambientes fechados e só com ar-condicionado, o mesmo ar fica ali circulando. Se alguma pessoa estiver contaminada com covid, as outras pessoas entrarão em contato (com as partículas virais suspensas no ar). Então, um bom ambiente arejado e com circulação de ar é importante”, esclarece o clínico geral.

2 – Manter o uso da máscara no ambiente
Tanto profissionais quanto clientes devem estar de máscara durante todo o tempo que permanecerem dentro do estabelecimento.

3 – Manter o distanciamento possível
Nunca jamais aglomerar ambientes, sobretudo aqueles fechados e pouca circulação de ar.

4 – Evitar o compartilhamento de objetos
Não compartilhar objetos, especialmente toalhas, copos e talheres sujos.

5 – Evitar o contato das mãos com o rosto
Se precisar tocar o seu rosto, certifique-se de que sua mão esteja limpa, ou seja, lave sua mão com água e sabão ou desinfete-a com álcool 70.

6 – Redobrar os cuidados com a higiene das mãos
Lavar com água e sabão e/ou higienizar com álcool 70.

7 – Durante as refeições, evitar a aglomeração de pessoas
Este é um momento muito propício para a contaminação de pessoas. Uma vez que as máscaras são retiradas e as pessoas não mantém o distanciamento adequado.

“Que as pessoas continuem se cuidando, mantendo os hábitos saudáveis de distanciamento, higiene e uso de máscara. A gente ainda está sujeito a se contaminar e não sabe se ainda virão novas variantes mais agressivas. Esperamos que não por conta da vacinação. Mas vacine-se e tome todos os cuidados preventivos para que a gente possa escapar o máximo possível ilesos deste momento, que está sendo muito difícil! São quase dois anos, está todo mundo cansado, exausto de passar por tudo isso – nós da linha de frente e a população também. Mas tudo passa e isso vai passar também, o importante é se cuidar!”, diz o Dr. Roberto.

Mito e verdades

Com base em mensagem de WhatsApp sobre os cuidados de prevenção ao coronavírus, averiguamos com o médico o que é mito e verdade, e ajudar você a proteger a si mesmo e seus clientes. Confira:

Você não pode destruir os vírus covid-19 que penetraram nas paredes das células, bebendo galões de água quente. Você só irá ao banheiro com mais frequência. (VERDADE)
“Depois que já se contaminou com a covid-19, devemos confiar nos nossos mecanismos de imunidade, que devem estar adequados. Temos que estar com uma boa saúde, bom repouso e boa alimentação. Tudo isso é importante. Depois que já se contaminou, não adianta tomar água quente. A água que tem que ser usada é a água com sabão para a higiene das mãos”, diz categoricamente Roberto Debski.

Se você não tem um paciente covid-19 em casa, não há necessidade de desinfetar as superfícies da sua casa. (MITO)
“Sempre é importante ter uma higiene na sua moradia e local de trabalho, porque se sairmos às ruas e tivermos contatos com outras pessoas, é possível termos entrado em contato com o vírus. Na verdade, provavelmente teremos tido contato. Muitas pessoas hoje em dia estão contaminadas, algumas assintomáticas, outras pouco sintomáticas. Então, a higienização dos ambientes é muito importante. Claro, não precisamos ficar paranoicos, a todo momento limpando. Mas é preciso uma higienização normal e diária. Principalmente ao chegar em casa, é importante tirar os sapatos, não pisar na casa inteira com os sapatos da rua. Quando chegar em casa, lavar as mãos com água e sabão, lavar o rosto. Estes são hábitos normais de higiene e de cuidados preventivos”, ensina Debski.

Produtos embalados e carrinhos de compras e caixas eletrônicos não causam infecção. Lave as mãos, viva sua vida como sempre. (MITO)
“No caso de objetos que passam por muitas mãos, e de pessoas que podem estar contaminadas, é bom que: quando chegar em casa pegar um pano limpo, molhar com álcool 70 e passar nestes itens, inclusive compras. Não precisa ficar horas limpando, mas higienizar estes objetos, sobretudo quando vai abrir logo e comer. É uma medida prudente, mas sem exageros”, explica o Dr. Roberto.

Tirar a roupa e colocar para lavar, assim que chegar da rua. (VERDADE)
“Isso sempre seria recomendável, não só por causa da covid. Saiu, foi ao shopping e entrou em contato não só com o vírus da gripe, mas com outros, então, é óbvio, sem paranoias, sem grandes neuroses, mas também é um hábito de higiene importante. Você andou de transporte coletivo ou entrou em locais com muitas pessoas – que podem estar com algum tipo de vírus ou bactérias –, então, não dá para chegar em casa e ir direto deitar-se na cama. Não é recomendável e nem higiênico. Chegar em casa, tirar a roupa e tomar um banho é um hábito saudável e de higiene que sempre deveria existir”, destaca o clínico geral.

O ar está limpo, você pode caminhar pelos jardins, pelos parques, apenas evite aglomerações. (VERDADE)
“Nos ambientes abertos, onde se têm uma boa ventilação, onde tem sol, o risco de contágio é muito menor. Se tiver em um local aglomerado, mesmo que aberto, se tiver cheio de gente muito próxima, aí é importante usar máscara. Mas ao caminhar em um parque ou na praia, distanciado das pessoas, vocês podam sim abaixar a máscara, e aí quando chegar em local com aglomeração, coloca a máscara. É um hábito preventivo. Toda vez que tiver um local aglomerado, é importante que a gente se proteja e proteja os outros usando a máscara. Em locais abertos e bem arejado e ventilados, você pode ficar com a máscara abaixada. É claro que a máscara é incomoda, porém é muito necessária, e nós devemos ter este cuidado sim”, ressalta o especialista.

Usar uma máscara por longos períodos interfere nos níveis de respiração e oxigênio. Use-a apenas na multidão. (MITO)
“Não, pesquisas recentes dizem que não! Nós podemos utilizar a máscara por longos períodos, inclusive tem se feito um trabalho com atletas que mostra que afeta minimamente o rendimento esportivo dos atletas de alta performance. Não há risco de entrar hipoxia, em falta de oxigenação, porque você está utilizando uma máscara”, diz o Dr. Roberto Debski.

Fonte: Varejo S.A.

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